
Hoje finalmente abre em São Paulo a primeira filial brasileira do
Eataly, complexo gastronômico que já tem outras 28 unidades pelo mundo. Os números impressionam: investimento de
R$ 40 milhões,
4,5 mil m2 de área,
19 pontos de alimentação (sendo
8 restaurantes),
cervejaria,
sala de aula,
5 laboratórios e
quase 8 mil produtos à venda, de carré de cordeiro a conserva de cebolinha italiana, de focaccia assada na hora a atemoia, de vinhos e cervejas a bules e livros de receita. É tanta coisa que hoje passei 4 horas lá dentro, saí meio aturdido e certamente não provei nem vi metade. Mas vi algo que até então não havia aparecido: os preços.

Tagliatelle com ragu de carne cozido por 8h: a massa é meio pesada, mas o ragu valeu.
Quer dizer, parte deles. Praticamente todos os produtos nas gôndolas e prateleiras trazem as plaquinhas com os preços. Já nos pontos de alimentação, ontem à noite os menus ainda eram um mistério. Havia degustações de pratos e porções para os convidados, mas nenhum funcionário sabia (ou podia) informar quanto custaria de verdade a partir de hoje, quando abre para o público.

Pizza Verace TSG, com mozzarella de búfala: massa exemplar
Ainda assim, consegui apurar que uma pizza (que dá folgadamente pra duas pessoas) custará entre R$ 27,50 e R$ 30. As massas individuais também oscilarão na casa dos R$ 30 e poucos. Deu pra sentir que comer no Eataly não será barato, mas também está longe de ser caro. Já fazer compras é outra história.

O que vale a pena comprar no enorme mercado? Antes de tudo, massas. Há uma imensa variedade de
massas secas italianas, de formatos insuspeitos, com preço médio de
R$13. As massas frescas são muito boas e mais baratas do que muito supermercado da cidade.

Comprei um saboroso
plin de carne e verdura (sim, provei ele cru mesmo e quase repeti…) por
R$ 38 o quilo (ou R$ 3,80/100g).

Outra compra certeira ali são os pães e
focaccias, feitos na padaria local. Provei um pão de figo matador e uma focaccia doce surpreendentemente fofa e aerada. Fiquei babando nas focaccias de linguiça e de abobrinha, mas, né? Já havia consumido carboidrato pro resto do mês de maio e deixei pra outra visita. Ah, ontem todas focaccias custavam
R$ 21,90/kg, mas hoje deve haver variação de preço por sabor.

Produtos da tradicional Il Cioccolato Venchi, de 1878. O quilo dos bombons vai de R$ 29 a R$ 39.

Outros itens, em contrapartida, ameaçam mais sua carteira. A peixaria exibe vistosos frutos do mar, mas a plaquinha desencoraja: polvo por
R$ 82/kg, lulas por
R$ 56/kg e assim por diante. A área de horti frutis é exuberante: legumes, verduras e frutas que parecem artificiais de tão bonitos, numa variedade impressionante, como a já citada atemoia (uma “prima” da fruta do conde, tão docinha que quase desisti de tomar um
gelato de chocolate Venchi; ok, mentira minha). Tem até cerejas frescas em maio, gordinhas e suculentas! (Sim, custam
R$ 99/kg, mas, ei, estamos looonge da época de cerejas, né?).

Área de queijos e embutidos, onde eu quase aluguei um quartinho

A vitrine do açougue também é caprichada, com preços que podem variar de
R$ 29,90/kg do lombo suíno a
R$ 99/kg o carré de cordeiro. Pra um jantar especial vale o investimento. Pro dia a dia, nem pensar. Apenas fuja de alguns exageros, como um pote de chips de mandioquinha por
R$ 22, ou 250 g de castanha de caju por
R$ 40,40. Gaste com queijos (a burrata cremosa é de morrer devagarinho) ou no setor de frios e salumeria – onde, aliás, eu poderia alugar um quartinho e morar.

Alô, fãs de Nutella: aqui tem um balcao exclusivo, que serve brioches, crepes e outras guloseimas com essa iguaria

É muito diferente do Eataly de Nova York, onde 11 em cada 10 brasileiros batem ponto quando viajam, inclusive eu? Sim e não. A versão paulistana é mais verticalizada e blocada, mais “shopping center”, do que aquela série de “puxadinhos” colados (e charmosíssimos) que formam o Eataly de NY. Os americanos também tem maior variedade de alguns itens, como queijos, indiscutivelmente. Mas o preço está próximo, ainda mais depois da alta do dólar – em setembro, comprei um vidro de creme de pistache em NY por
US$ 12 (na época dava uns
R$ 25, com o dólar a
R$ 2,40). Ontem vi o mesmo produto no nosso Eataly por
R$ 40; ou seja, com preço equivalente.

Você deve ir ao Eataly? Mas é claro que sim. E várias vezes, com tempo pra passear por toda aquela maravilha de produtos e comidas, com muita curiosidade, com fome e com dinheiro. E, pela muvuca que se formou ontem apenas com convidados, vá munido também de muita paciência, pois hoje aquilo vai entupir.