Asilo nos Estados Unidos

Evanston, Illinois – subúrbio rico de Chicago são as primeiras mesas do Mather, uma comunidade de idosos com casas de um milhão de dólares nos arredores do Lago Michigan. Peito de pato com molho cítrico e picadinho de porco à 'tomahawk' fazem parte do menu, ao lado de vegetais de uma cooperativa em Wisconsin e sorvete artesanal feito pela casa.
Do outro lado da cidade, as velhas freiras do centro de repouso Mercy Circle bebem água com frutas nas 'estações de hidratação', passam manteiga artesanal europeia em pãezinhos caseiros e discutem os preços da feira realizada no quintal do edifício.
Os chefs da instituição fazem um purê de galinha caipira assada para os moradores que não podem comer alimentos sólidos, moldando a pasta no formato de um frango de verdade e acrescentando ao prato uma redução de vinagre balsâmico.
Em um país onde a comida se converteu em uma moeda cultural e a geração dos baby-boomers chega aos 65 anos de idade a um índice de 8.000 pessoas por dia, era só uma questão de tempo até que ingredientes caros, técnicas avançadas de preparação e o velho esnobismo gastronômico chegasse aos asilos de idosos.
'A geração do latte e do sushi está chegando', afirmou Mary von Goeben, diretora executiva do Mercy Circle, onde vivem quase 100 freiras aposentadas com todos os tipos de problemas de saúde. 'As pessoas que vêm ao asilo viajaram muito e se acostumaram a comer em grandes restaurantes'.
As escolas de gastronomia estão redefinindo seus currículos para ensinar os alunos a cozinharem para os mais velhos. Em muitas comunidades de idosos e asilos, chefs formados na Johnson & Wales ou no Culinary Institute of America estão assumindo as cozinhas.


Eles preparam salmão selvagem do Alasca e oferecem demonstrações na cozinha. Os moradores podem beber coquetéis no lounge do Merion, em Evanston. Em lugares como o centro de idosos Wake Robin, em Vermont, os chefs utilizam porcos inteiros de propriedades locais e servem o café torrado em Burlington. No Lenox Hill Neighborhood House, em Manhattan, frutos do mar de pesca sustentável vêm diretamente do navio.
E à medida que chefs famosos como Wolfgang Puck completam 65 anos, eles começam a levar a paixão pela gastronomia para o Meals on Wheels e outros programas alimentares voltados para idosos. A prolífica autora de livros de receitas Paula Wolfert, de 76 anos, está desenvolvendo receitas para combater a doença de Alzheimer – ela recebeu esse diagnóstico recentemente – e está chamando outros chefs para se juntarem à causa.
Mark Ozer, de 82 anos, é um médico aposentado que se mudou em fevereiro para o Ingleside, no centro de idosos de Rock Creek, em Washington, D.C. Recentemente realizou um jantar espanhol regado a vinho e paella.
'Uma parte muito importante da questão para os idosos dessa geração é a possibilidade de escolha', afirmou. 'As pessoas aqui são cultas. Elas têm muitas experiências. Não querem ser tratadas como um rebanho'.
Sua filha, Kathy Ozer, diretora da Coalizão Nacional de Propriedades Rurais Familiares, elogia as mudanças nos centros de convivência de idosos, mas se preocupa com outros pontos.
'Quero saber se eles estão fazendo isso só nos lugares mais chiques, ou se a prática é generalizada', questionou. 'Isso também é acessível para pessoas que não podem gastar tanto dinheiro?'.